Os policiais militares acusados de atirar contra o carro onde estava João Roberto Amorim, 3, no dia 6 de maio, no Rio, ficaram pela primeira vez frente a frente com os pais do menino nesta segunda-feira. Eles participaram da segunda audiência sobre o caso no 2º Tribunal do Júri no Rio e foram recebidos por gritos de "assassinos covardes" do pai do menino, o taxista Paulo Roberto Soares. Os policiais não esboçaram reação.
João Roberto morreu após sem atingido por disparos feitos contra o carro de Alessandra Amorim, mãe do menino. A Polícia Militar afirma que os policiais confundiram o carro com com o de criminosos. O irmão de João Roberto, na época com 9 meses, também estava no carro, mas não sofreu ferimentos.
Os policiais, o cabo William de Paula e o soldado Elias Gonçalvez da Costa Neto participaram da audiência para assistirem a gravação das imagens gravadas por câmeras de um prédio em frente ao local do crime, que ocorreu no bairro da Tijuca (zona norte). Segundo a defesa, os PMs nunca assistiram a gravação. Nas cinco horas de audiência, falaram entre si somente uma vez, durante a exibição das imagens em um telão. Eles não se pronunciaram durante os depoimentos das testemunhas de acusação e defesa.
No começo da sessão, ao passar em frente aos policiais, o pai do menino, chamou o cabo e o soldado de "assassinos" e "covardes". "Seus assassinos, mataram meu filho de 4 anos [João Roberto completaria 4 anos]. Uma criança indefesa. É uma covardia, covardia", gritou Soares, que teve de ser contido por outros policiais. Muito nervoso e chorando, o taxista não conseguiu prestar depoimento. A mãe do menino, Alessandra Amorim, que dirigia o carro baleado pelos policiais, reconheceu o cabo como o policial que, após os disparos, apontou uma arma para ela e exigiu que saísse do carro. "Ele [William] ficou perguntando de forma agressiva: "cadê o cara [que atirou]'. Disse que não tinha nenhum cara, depois não ouvi mais nada porque entrei em estado de choque", disse Alessandra em depoimento. Ela contou ainda que conversava com João Roberto na hora do crime. Segundo Alessandra, um Fiat Stilo passou em alta velocidade e, ao ver um carro de polícia no retrovisor, decidiu encostar para dar passagem. Foi nesse momento, segundo a PM, que os PMs dispararam 17 tiros contra o carro de Alessandra. "Escutei muitos tiros, pedi pelo amor de Deus para meu filho se abaixar. Me agachei e vi meu filho ferido, então abri a porta direita e joguei a bolsa do Vinícius [filho mais novo] para mostrar que tinha criança dentro do carro", relatou Alessandra. Além de Alessandra, depuseram na audiência duas testemunhas de acusação, ambos vizinhos da mãe do menino, e três de defesa dos policiais, entre elas o comandante do 6º batalhão da PM (Tijuca), coronel Ruy Louri. Apesar de ter sido convocado pela defesa dos policiais, o comandante admitiu em depoimento que houve erro de conduta de ambos. "Até a abordagem do veículo [quando saíram do carro], o procedimento foi correto, mas no meu entendimento deveria ter terminado ali. Eu não vi nenhum tipo de ameaça. É certo que a partir dali houve um erro de conduta e esse erro foram os tiros", disse Louri no depoimento. O comandante disse, no entanto, que o cabo e o soldado tinham bom comportamento e não havia sido registrado desvio de conduta deles no batalhão da Tijuca.
O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, foi chamado pela defesa para testemunhar em defesa dos policiais e não compareceu. Sua assessoria ainda não se manifestou sobre a ausência.
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